sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A fisiologia da festa.

Uma festa pode ser tão somente uma fonte de comida e bebida de graça, espaço para o flerte, palco de dança.

Uma festa pode ser tão somente passarela de exibição social.

Por que você vai numa festa?

O primeiro motivo a ser encontrado para comparecer a um evento social para o qual se foi convidado é prestigiar aquele que o está ofertando. Esse é o primeiro e mais elevado motivo para irmos numa festa: porque gostamos daquele que está lá oferecendo uma homenagem a si mesmo, e que deseja que você participe dela.
O comparecimento nesta festa é um gesto altruísta partindo do sentimento de consideração pelo próximo.
O próximo, entretanto, está nesse momento julgando que é necessário ofertar um bom e satisfatório open bar pra que seus convidados se sintam acolhidos, e, claro, apareçam.
Ele não pensa que você talvez queira apenas vê-lo, e comemorar seja lá o que for com ele. Ele rejeita sua consideração ao lhe oferecer um prêmio em troca de sua deferência. E você se sente na obrigação de ir (independentemente do buffet) porque você gosta desse infeliz. Você vai lá ser um/a bom/boa amigo/a.
O infeliz então, está, na verdade, dando uma festa pros penetras. São eles que irão lá pescar a isca que ele jogou.

O segundo motivo é o mais óbvio, ir a uma festa pra comer e beber às custas de alguém que fez algo que considera importante suficiente pra comemorar. Comemoração esta que nada mais é que alimentar os outros. Cheers. Pois é, quem sabe alguém propõe um brinde a ele?
Daí que quando a miséria, a fome, o alcoolismo, a mesquinhez, a falta do que fazer, enfim, coisas do tipo, te levam até uma festa, pouco importa o motivo dela, o dono dela, ou mesmo se você foi convidado para ela, a sua cara de pau vai ser a mesma.
Você vai estar lá pensando no seu bem estar, pouco ligando pro sujeito que está casando, formando, aniversariando ou morrendo (inclusive acho que devíamos fomentar essa cultura do velório festivo, não acham?). Neste caso, o máximo que você vai poder oferecer é ser um bom convidado. E o mínimo também.

O terceiro motivo é o pior e mais sutil. Você vai na festa para aparecer. Não importa o anfitrião porque você não dá a mínima pra ele. Não importa a bebida porque você não bebe. Não importa a comida porque você não come. Tudo que importa é ser visto.
A festa é a oportunidade de fazer uma produção especial, sair do óbvio, do ordinário. Se é por isso que você está indo pra este evento, por favor, esteja bonita!
Claro, você é mulher. Que seu vestido seja sexy e elegante, que sua maquiagem esteja bem feita, que seus acessórios sejam brilhantes, que seu cabelo esteja impecável, no mínimo. Auto promoção, vitrine, é pra isso que serve essa comemoração? Então dê seu máximo, honre a ocasião, se faça valer a falta de consideração, toda a comida e toda a bebida, a música, a expectativa, e deleite os demais convidados e penetras com sua beleza. Mais que seu objetivo, esta é sua função.

Esta é a função da festa em si, também. Não estou julgando. A festa também existe como a chance que tem a mulher de se sentir um pouco mais bonita usando dos artifícios que a ocasião permite. Pra isso servem os amigos, pra isso serve a bebida e a comida, pra isso servem os convidados e os penetras: pra te ver.

Amizade para os amigos. Comida e bebida pra quem tem fome e quer beber. A festa, meus caros, é para a mulher.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Vamos trabalhar.

Meu sonho é ter um bar.

Daí um grande amigo meu me aconselhou que não devemos transformar em trabalho nosso lazer, sob pena de não conseguirmos mais nos divertir com aquilo.
Pra confirmar essa teoria, certa vez, um editor de um website de entretenimento me disse que tinha perdido todos os seus hobbies no momento em que praticá-los virou uma obrigação, e resenhá-los uma profissão.

Desses exemplos posso imaginar que abrindo um bar, estaria eu jogando fora a diversão de me sentar despreocupada com os amigos numa mesa aconchegante, tomando cerveja, jogando conversa fora, desestressando de um duro dia de trabalho.
Como proprietária de um boteco, ao entrar nessa convidativa cena que acabei de descrever, seria o início do trabalho, e não a "hora feliz" que o segue.

Essa perspectiva é deveras desestimulante.

Porém, me deparo então com um dilema existencial provocado pelas máximas de vivência que se transformam em conselhos e dicas profissionais. Um dos maiores clichês repetido pelos palpiteiros da vida alheia, é de que você deve trabalhar com aquilo que gosta. Dá então pra os sabetudo se fazerem mais claros? É pra eu detestar meu trabalho pra aproveitar com deleite os momentos de lazer em que posso fazer o que gosto, ou eu devo transformar as minhas paixões em profissão pra que elas deixem de ser paixões e me tornem uma pessoa vazia?

Há ainda uma terceira opção, é verdade. De que o segredo pro sucesso profissional seja trabalhar com aquilo que você gosta, deixar de gostar mas fingir que continua gostando, e nesse meio tempo achar outros modos de se divertir e curtir as horas vagas. Enquanto isso, você pode escancarar para o mundo a felicidade de se trabalhar com aquilo que ama, e que é possível ser bem sucedido assim, criando as lendas-máximas-clichês pra enganar os bobos.

Sendo assim, você, trabalhador com as coisas que ama fake, vai estar tão satisfeito trabalhando assistindo filme e jogando videogame, quanto o bancário que está neste momento contando dinheiro dos outros e achando que seria muito feliz se ganhasse pra assistir filmes e jogar videogame, como você.

Daí um vai bater seu ponto e arrumar tempo pra ser um nerd funcional fazendo o que o outro está satisfeito em parar de fazer pra ir cozinhar algum prato exótico como hobbie. Novo hobbie...

Mas no fim das contas, os dois vão acabar no bar, e eu vou ganhar dinheiro. Isso é que importa.

Acho que não vou ligar de transformar minha diversão etílica em trabalho, o que não posso é passar minha vida toda realizando o sonho alheio da casa própria, nem contando dinheiro dos outros.
Além do mais, tenho a sorte de não ter ninguém que me pague pra ver filmes, séries, ler livros ou jogar videogame (ok, não gosto nem sei jogar videogame), posso fazer essas coisas porque eu quero, quando eu quero.

Não ligo de ter um bar e não gostar mais de bar. Azar mesmo seria se quisessem me pagar pra escrever... Alguém??

sábado, 21 de agosto de 2010

[OFF] Perdendo a razão

Não é esse o objetivo geral, mas começo pela perda de razão.
Escolho esse princípio porque é tão raro para o meu ser me presentear com a perda de razão, que devo honrar esses vislumbres de irracionalidade com uma deferência especial. Digo até que com um brinde, e daqui a umas 2 horas, mais ou menos, é a isso que vou brindar.
Naquele momento em que estarei vestida com meu estado normal-conhecido entre os meus, arrazoada, rocha, blasé, secretamente estarei brindando ao meu eu primitivo, atordoado, ar, e que se apega em silêncio, ou pra todo mundo ver, depende.
Graças a esse eu, não sou uma perfeita sociopata. Me faz uma sociopata imperfeita, portanto, social.
Mas nada disso me faz louca. A minha loucura é irritantemente calculada e consciente, sinto muito. E muito prazer, se quiser me conhecer. E boa sorte.
Mas não confunda, não há esforço em me fazer soar insana, meu trabalho é pra ser anormal, viver sem padrão, sentir diferente, ver com um pouco de magia.
Pra você, o som da insanidade vai ser completamente diferente da realidade. A loucura real, você nunca vai descobrir. (A não ser que você venha a fazer parte de mim, caro leitor, e essas chances são mínimas) Mas, de novo, não confunda!
Meu eu extraordinário que você não vê e o esquisito que você vê, ainda que eu possa pensar que Deus sou eu, ainda que o tempo todo carreguem essa carga de linda confusão que me faz especial, ainda assim, não fujo da razão.
Eu sempre tenho razão.

E é por isso que esse espaço agora existe, e é por isso que esse primeiro contato brinda a falta de razão, porque ela é tão rara, tão extraordinária, que só ela justifica todo o resto. Todo o excesso de razão. E eu, cheia de razão.
Porque mesmo eu tendo sempre razão, às vezes eu perco a razão. E é lindo.

E escrevo isso tendo em mente um exemplo bizarro que racionalmente eu não vou revelar, e esse será nosso segredo. Minhas palavras. E meus sonhos. Meus momentos especiais aos quais dedico esse brinde. Cheers.

Conhecem o Jorge Vercilo? É um mala, eu sei. Mas até os malas, às vezes, tem seus momentos...

Um segredo e um amor
O que será maior em mim
O segredo desse amor
Não pode mais viver assim...
Se eu pudesse revelar
Os versos que eu te dediquei
Se eu pudesse te contar
Os sonhos todos que sonhei...
Se eu gritasse
Para o mundo ouvir
Até onde a voz pudesse ir
Eu não seria um sonhador
E nem mais um segredo
Meu amor!...

E isso, meus amigos, é a falta de razão de Chandra Lasserre. Mais que isso vocês não vão ter.